segunda-feira, 21 de março de 2011


Responda depressa: é possível unir, numa mesma história, robôs e dinossauros? Walcyr Carrasco, que assina "Morde e Assopra", que estreia hoje na Globo, garante que sim. Na nova novela das sete, o autor de "O Cravo e a Rosa", "Chocolate com Pimenta" e "Alma Gêmea", entre outras, fala de duas de suas maiores paixões: a robótica e a paleontologia. A paixão é tanta que Walcyr chegou a visitar sítios arqueológicos em Marília, no interior de São Paulo, e feiras robóticas, no distante Japão. E garante: gostou muito do que viu por lá. "Você nem imagina o que os robôs são capazes de fazer. Se você vê um de perto nem acredita que é robô. Pensa que é gente de verdade", garante, impressionado. "Quando começarem a vender robôs no supermercado, vou comprar um para servir café para mim", graceja.

Em "Morde e Assopra", Walcyr pretende fazer graça também sobre outro assunto que conhece muito bem: a briga contra a balança. O núcleo ambientado num SPA promete altas doses de gargalhada. "Já fui a SPA duas ou três vezes, mas não demorei muito tempo. Se tivesse demorado, acho que teria comido até samambaia...", diverte-se o autor, que jura já ter perdido 9 quilos desde que adotou a dieta do tipo sanguíneo. "Sou o rei dos regimes. Mal saio de um e já entro no outro", assume.

André Bernardo - Por coincidência, o primeiro capítulo de "Morde e Assopra" reconstitui um terremoto no Japão. De onde vem o seu fascínio pela cultura japonesa?

Walcyr Carrasco - Até os 15 anos de idade, fui criado na cidade de Marília, no interior de São Paulo, onde a comunidade japonesa é muito forte. Desde pequeno, sempre tive verdadeiro fascínio pela cultura oriental. Além de gostar muito, é claro, de doce de feijão. O que eu desejo em "Morde e Assopra" é falar um pouco da beleza e do encantamento do Japão para o público.

AB - E como surgiu a ideia de abordar, em uma mesma novela, temas tão díspares como robôs e dinossauros?

WC - Há pouco tempo, descobri que havia ossada de dinossauro em Marília. Na ocasião, cheguei a visitar alguns sítios arqueológicos por lá. Sempre gostei do tema. Não é por acaso que assisti a todos os filmes do Steven Spielberg sobre dinossauros. Além disso, sempre tive paixão por tecnologia. A TV Globo, inclusive, chegou a pagar duas viagens minhas ao Japão. Lá, pude visitar duas feiras de robótica e ver os últimos avanços tecnológicos no setor. Daí, resolvi juntar essas duas paixões numa mesma história.

AB - E o que mais teria chamado a sua atenção em suas visitas ao Japão?

WC - Ah, fiquei impressionado com tudo o que eu vi por lá. Você nem imagina o que os robôs são capazes de fazer. Se você vê um de perto nem acredita que é um robô. Pensa que é gente de verdade. No segundo capítulo da novela, dois robôs vão interpretar um papel na novela. Eu escrevi o texto em português, eles decoraram e nós gravamos a cena. É a primeira vez que dois androides vão trabalhar em uma novela... Se eu pudesse, teria um desses robôs em casa. Quando começarem a vender robôs no mercado, vou comprar um para servir café para mim... (risos)

AB - Um dos núcleos de "Morde e Assopra" é ambientado num SPA. Você já frequentou algum?

WC - Já fui a SPA duas ou três vezes. Mas não passei tanto tempo. Se tivesse passado, acho que teria comido até samambaia... (risos) Vivo fazendo regime. Aliás, sou o rei dos regimes. Mal saio de um regime e já entro em outro. Estou sempre lutando contra a balança. Isso faz parte do meu cotidiano há anos e me divirto fazendo graça sobre isso.

AB - Você lembra do último regime que fez?

WC - Fiz lipoaspiração há 40 dias e, depois disso, iniciei outro regime, o do tipo sanguíneo. De lá para cá, estou 8 ou 9 quilos mais magro. Só posso comer alimentos que combinem com o meu tipo sanguíneo. Farinha branca, por exemplo, nem pensar. Por enquanto, está dando certo.

AB - Você pretende transformar o núcleo do SPA em campanha de merchandising social?

WC - Não é a minha intenção. O verniz deste núcleo é cômico. Vou falar sobre o cuidado com a comida. Isso pode causar um efeito no telespectador. Sou contra fazer discurso em novela. O ideal é falar sobre coisas legais e o público tirar suas próprias conclusões.

AB - Qual é a sua rotina quando começa a escrever novela?

WC - A minha rotina não muda absolutamente nada durante uma novela. Malho, faço ioga e frequento a Rosa-Cruz. Escrevo sempre à noite. Começo às 22h e termino por volta das 2h ou 3h. Meu processo de criação é completamente caótico. Não me peça para explicá-lo porque ele não tem explicação. E nunca acordo antes do meio-dia. Prefiro escrever sempre à noite. Mesmo que tenha tempo antes, fico enrolando. Não escrevo antes das 22h. É o horário em que me sinto bem para escrever.

AB - A TV Record vai estrear "Rebelde" no mesmo dia e horário de "Morde e Assopra". Isso assusta ou preocupa?

WC - Meu negócio é escrever novela. Aliás, sou pago para isso. Não posso me dar ao luxo de ficar pensando em outras coisas, como estratégias de marketing, por exemplo. Se fizer isso, deixo de fazer o mais importante, que é escrever novela. Não tenho que me preocupar com a novela dos outros. Tenho que me preocupar com a minha.

AB - O que mudou na relação entre público e autor depois do advento de redes sociais, como blog, facebook e twitter?

WC - Ah, a gente interage mais com o público! Twitter é muito legal, mas não representa o país inteiro. O que me ajuda é assistir à novela no momento em que ela vai ao ar. Assisto à novela, vejo o que os atores estão me propondo e, a partir disso, sento para escrever a novela. Pode acontecer de uma sugestão ou outra servir de inspiração, mas ainda não aconteceu. Se a ideia for boa, quem sabe eu não a aproveite na novela, hein?

AB - Mais uma vez, você volta a incluir um bicho no "elenco" de suas novelas. Pode-se dizer que eles ajudem a conquistar o público infantil?

WC - Escrevo sempre sobre o que tenho vontade de escrever. E tenho sempre vontade de escrever sobre bichos. Gosto deles. Em casa, tenho quatro cachorros e dois gatos. E, acredite, converso com eles todos os dias! E eles entendem o que eu digo. Em "Caras e Bocas", disseram tanto que o macaco não faria sucesso. E fez. Se animais atraem ou não o público infantil, isso é um problema de marketing. Meu negócio é escrever novela. Se eu começar a pensar em outras coisas, estou perdido.

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